quarta-feira, 16 de julho de 2014

Lucas – 3 anos

Hoje ele fala tudo, corre, pula, brinca, faz pirraça, birra, carinho, as vezes tudo ao mesmo tempo. A gente alterna momentos do mais puro amor, com declarações de “Aah, eu te amo, momõe!”, beijos e abraços para a birra mais pirracenta, “Não tô achando glaça! Isso é alguma piada?!” (expressões dele, sim).

Ele dá trabalho quando sai na rua, não quer andar de mãos dadas na Paulista, mas se encanta com passeios de ônibus e metrô. Prefere ficar brincando com o carrinho na beira do palco a assistir a peça de teatro, dá mais atenção à pipoca do que ao filme no cinema e acha muito mais bacana olhar a roda do carro girando no passeio do Zôo Safári do que ver o avestruz comendo a ração na minha mão.

O vocabulário é um capítulo à parte:
- “Quero suco de girino” = suco de tangerina
- “Tem uma cúpula brilhante e reluzenta” = brilhante e reluzente
- “Biscoito de mosquinha” = rosquinha
- “Vamos fazer um quiquenique” = piquenique
- “Quero comer papioca” = tapioca
- “Vamos fazer suco de lóla” = acerola
- “Quero comer azentoim” = acho que é uma mistura de amendoim com azeitona, vai saber...

Adora tudo o que é relativo a carros, ônibus, caminhões, etc. e no sítio reconhece quem está chegando pelos carros na porteira, antes da pessoa descer, além de saber que aquele carro é o mesmo do tio Fafá, ou do vovô ou da vovó quando vê um igual na rua. Tira as chaves da porta e joga no lixo. Joga lá embaixo o que consegue passar pela tela da janela.

Demonstra uma personalidade forte que me deixa louca e preocupada se vou dar conta dele. Mas ao mesmo tempo, não duvido nem por um minuto que apesar de todo o perrengue com toda a situação desde o início da gravidez, faria tudo de novo, igualzinho, só pra tê-lo comigo, do jeitinho que ele é.



quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Resumão de 18 meses


Resumão de 18 meses

Filho, hoje é dia 16 de janeiro de 2013 e você está fazendo um ano e meio. Neste ano e meio, você passou de um bebê careca, banguela, gorducho e dorminhoco para um moleque cabeludo, risonho, magrelo e encapetado. Eu vi você crescendo e se desenvolvendo dia a dia, aprendendo a comer frutinhas, papinhas, comidinhas e até papelão, que você adora. Além do papelão, você tem preferência clara por frutas e chora sempre que termina de comer, mesmo já sendo a segunda banana, o terceiro pêssego ou um abacate inteiro. Também bate pratões de comida e come de tudo, mas continua magrelo. Ainda não come doce, mas brinca com os confetes do primo colocando na boca e cuspindo.

Você aprendeu a rolar, sentar sozinho, engatinhar, andar, correr e agora subir no cadeirão, na maior rapidez e se achando o máximo. Sem contar a escada de armar de sete degraus que você subiu e quase matou sua avó de susto. Adora passear na rua, mas não quer saber de ir de mãos dadas (já!!! Achei que isso só aconteceria na adolescência!!!) e fica bravo quando eu pego na sua mãozinha mesmo assim.

Você perseguiu o Theodoro, tomou algumas mordidas, aprendeu a fazer carinho nele e também aprendeu a tomar o biskrok da boca dele, tadinho. Também aprendeu a falar Tetéo e auau, que foram praticamente suas primeiras palavras, antes mesmo de falar mamãe. Aliás, pra falar você ainda é meio preguiçoso, só fala mamãe, vovô, vovó, Tetéo e auau e os nomes dos tios Fafá, Fefê e Cacá, mas faz não com a cabeça o tempo todo deixando bem claro o que você não quer.

Aprendeu a sorrir, bater palminha, fazer tchauzinho e dançar com as músicas de abertura da novela e com as musiquinhas bobas e sem nexo que eu invento (Bizuzu, bizuzu em ritmo de “Meu Limão, Meu Limoeiro” e Maguelo, maguelo, maguelo em ritmo de “Parole, parole, parole”). Também adora a musica da Porta da Arca de Noé que eu canto pra você dormir, principalmente a parte “eu abro devagarinho, pra passar o menininho” e digo que o menininho é você, e você abre um sorriso sonolento mesmo quando já está quase dormindo.

 Também dá piscadinhas encantadoras e ultimamente tem sido menos parcimonioso nos abraços, que antes você só dava no Vovôveraldo. Beijo, só “beijo de pum”, assoprando com a boca contra qualquer superfície que faça barulho, seja meu braço, sua mãozinha, a perna do vovô ou a borda da banheira.

Já conheceu a bisavó Bia no Rio de Janeiro (terra da mamãe), a casa da Tia Fe e o Marujuco e a Domitila, foi no Jardim Botânico e já estreou na boemia da Lapa com a tia Fabi e o tio Darius. Também já foi em botecos na Vila Madalena com a tia Vânia e em vários restaurantes com a tia Susana e pizzarias com o tio Laerte e a tia Vic. Foi ao cinema através do Cinematerna com a tia Carol, ao teatrinho e ao circo com a tia Milena, o Ro e o Gui e também pra São João da Boa Vista na casa da Vovó Teca e do Vovô Bé. Viajou várias vezes para o sítio, que você adora, onde brinca na piscina, dá milho pras galinhas e atormenta o pobre do Manqui.

Já foi em festinhas dos primos e se divertiu a beça no pula-pula inflável, mas teve febre bem nos dias das festinhas da tia Renata e da tia Milena, deixando a mamãe frustrada. Pelo menos na sua festinha de um ano você ficou bem e aproveitou bastante.

Adora escalar seu tio Fabrício pra ele te jogar pra cima, o que me deixa alucinada de medo e te deixa alucinado de alegria. Melecou a tia Carol toda de cocô e se melecou junto, em um dia que ela ficou cuidando de você.

Vai ao supermercado quase todo dia com a Vovó Lolita e da última vez puxou uma abobrinha da parte de baixo da pilha de abobrinhas e fez com todas elas rolassem pelo corredor do supermercado.

Neste meio tempo eu voltei a trabalhar, com o coração apertado de saudade de você, já que nunca tinha ficado mais de uma hora longe do meu pequeno. Eu chorava todo dia no ônibus a caminho do trabalho e você lá, feliz da vida com a Vovó Lolita. Melhor assim, eu ficaria pior se você estivesse sofrendo com a minha falta tanto quanto eu sofro com a sua.

Você conquistou tantas coisas em dezoito meses, filho, que nem dá pra colocar tudo em um post só, e a cada dia aprende mais e mais, numa evolução contínua que me deixa doida e ao mesmo tempo cheia de orgulho.

É um baita de um clichê, mas parece que foi ontem que eu vi sua carinha bochechuda pela primeira vez e fui inundada por um amor tão grande que até dói e que só aumenta. E falando em clichê, você é algo assim, é tudo pra mim, é como eu sonhava, baby.

Minha maior realização na vida é ser sua mãe.




sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A primeira convulsão a gente nunca esquece

Filho, você não fugiu a regra dos Nascimento e quase matou sua mãe e suas tias de susto no feriado de 15 de novembro de 2012. Nós fomos pro sítio aproveitar o feriado e comemorar o aniversário do Vovôveraldo e estava tudo bem; chegamos na quarta-feira, na quinta fomos pra piscina, brincamos, etc. Chegou a hora do seu cochilinho da manhã, você dormiu mais ou menos 1 horinha como de costume e quando acordou fui te pegar para almoçar e você estava fervendo de febre.
Te dei uma dose de Tylenol e tirei sua temperatura, 39 graus! Corri e te entreguei pra tia Carol te segurar, ela estava numa ressaca brava da noite anterior, mas mesmo assim alguma coisa me disse pra te entregar pra ela, mesmo a tia Fernanda estando por perto e sem ressaca. Fui encher a banheira pra ajudar a baixar a febre e neste meio tempo a tia Carol veio correndo da sala gritando pra abrir o chuveiro porque você estava convulsionando. Ela entrou embaixo do chuveiro de roupa e tudo com você no colo, e eu ajudando a te molhar, desesperada em te ver com espasmos, olhos virando e sem consciência. Ainda bem que meu instinto, intuição, anjo da guarda ou o que quer que seja me disse pra te entregar pra tia Carol, porque acho que nem eu nem a tia Fe teríamos sangue frio ou presença de espírito pra saber o que fazer quando você começou a convulsionar.
Pegamos o carro e fomos pra cidade, tia Carol dirigindo, eu rezando alto, a tia Fernanda me acalmando e antes de chegar na porteira você parou com os espasmos e começou a voltar a si, aí eu me acalmei pra não te assustar e fiquei falando, “mamãe ta aqui, ta tudo bem”.
Cruzamos com o vovô e a vovó no caminho e eles foram nos encontrar no Posto de Saúde – pois é, em São Paulo moramos em frente ao Hospital 9 de Julho e você tem uma convulsão no sítio, a quilômetros da cidade onde não tem nem hospital, só um posto de saúde com uma médica residente que parecia ter 15 anos e tinha as unhas pintadas com florzinhas! Rs...
Chegando no posto, eu entrei pela porta errada (entrada de ambulâncias) e subi um degrau quase da minha altura com você no colo – até hoje não sei como consegui fazer isso, tendo em vista meus vários anos de sedentarismo e notória moleza. Você tomou uma injeção de dipirona e duas enfermeiras te espetaram umas cinco vezes pra tentar conseguir um acesso para soro e acabaram conseguindo no seu pezinho, mas a médica não conseguiu ver sua garganta porque você não deixou.
Aos poucos você foi voltando ao seu normal, mas estava muito incomodado e não queria ficar quieto, só sossegou quando eu comecei a cantar nossas musiquinhas com você no meu colo, então a tia Fe foi até o sítio e buscou uma mamadeira de leite e outra de água de coco, que você tomou inteirinha. Ficamos no posto enquanto você tomava soro e depois voltamos pro sítio, onde você dormiu a tarde toda.
Depois que acordou, teve febre de novo e voltamos para o posto de saúde, onde você tomou outra injeção de dipirona e quando chorou a médica conseguiu ver sua garganta, que estava inflamada e era o que causava a febre. Entramos com antibiótico (você nunca tinha tomado nada antes) e você melhorou rapidinho, apesar de ter de acordar todo dia às 6 da manhã pra tomar o remédio e de passar a dormir na minha cama naquela semana checando sua temperatura de 10 em 10 minutos, como boa mãe de primeira viagem apavorada.

Keep Walking

 Filho, você começou a andar sozinho exatamente no dia em que completou um ano e dois meses; antes você andava apoiado nos móveis ou de mãos dadas, mas neste dia você se soltou e saiu disparado, fazia até curvas!
Eu acredito que o que te motivou foi o Theo e o Gab, que você queria acompanhar. Você andava com os bracinhos pra cima, mãozinhas fechadas e os pezinhos abertos, parecendo um pinguinzinho gingando.
Com o tempo você começou a brincar de pega-pega comigo, me perseguindo pela sala às gargalhadas enquanto eu corria de um lado para o outro. Você também adora perseguir o seu primo João Pedro pela casa, enquanto ele dá duas voltas correndo na sala, você ainda está na primeira, morrendo de rir.
Se antes só engatinhando você já aprontava, agora a atenção tem de ser redobrada; você passou a conseguir abrir armários, gavetas, portas, ficando na pontinha dos pés para alcançar os puxadores, abrir tudo e começar o estrago: tirava roupas de dentro das gavetas e armários, jogando tudo no chão, guardava coisas em lugares totalmente diferentes (uma vez achei uma concha de feijão dentro da sua gaveta de meias) e saía arrastando minhas coisas pela casa toda (com predileção por um pijama de bolinhas e sutiãs de bojo).
Os controles remotos da TV/Net/etc. tem que ficar na parte mais alta do rack, porque você tem fascinação por eles e por tudo o que tenha teclas – uma vez você apertou tantos botões no aparelho da Net que travou a programação e ninguém conseguia destravar, tivemos que ligar para a assistência técnica para liberar o sinal novamente...
Ultimamente a sua evolução tem sido conseguir subir e descer escadas. Para irmos ao parquinho do prédio tem uma escadaria enorme e você não quer ir no colo, adora subir sozinho, só de mãos dadas comigo. Na hora de descer é mais complicado porque você quer pular e não descer, aí eu fico com medo de você cair.
No escorregador você gosta de subir tanto pela escadinha de trás quanto pela parte da frente, onde deveria escorregar; segura sozinho e vai subindo, pedindo minha ajuda só quase no alto.
Outra situação sua envolvendo escadas foi quando sua avó resolveu tirar os enfeites de Natal do alto do armário do corredor para decorar a casa; ela abriu a escada de armar, subiu para pegar as caixas com os enfeites e levou pra sala; na terceira vez que fez isso (são muuuuitos enfeites), ao voltar da sala para o corredor deu de cara com você no penúltimo degrau da escada, olhando pra ela e rindo! Ela quase desmaiou de susto quando te viu lá em cima e eu quase desmaiei de susto quando ela me contou!
Agora você descobriu que pode pisar nas coisas, inclusive no pobre do Theodoro, o que já te rendeu duas mordidas de advertência: na primeira você estava de tênis e achou engraçado, mas na segunda vez estava de sandália aí doeu e você chorou... Mas continua tentando pisar no cachorro, porque ele rosna e você acha o máximo.
Estes passinhos são só o começo do seu caminho filho; agora eles são meio inseguros, com alguns tombos e percalços, mas você sempre segue em frente e o importante é você continuar sem medo e manter essa atitude quando outros tombos e percalços aparecerem.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

As canções que você fez pra mim

Engraçado como depois que a gente tem filho tudo tem uma conotação diferente. Por exemplo, tem algumas músicas que antes eu classificava como de amor romântico, mas que hoje tem tudo a ver com o amor materno. “Como é grande o meu amor por você” é uma declaração de amor de mãe pra filho! “In My Life” dos Beatles e "Onde a dor não tem razão" do Paulinho da Viola, também.

Eu sempre gostei de cantar e até que não sou desafinada, então hoje pra mim é um prazer cantar pra você dormir, filho. Meu repertório vai de Ella Fitzgerald a Galinha Pintadinha, passando por Paulinho da Viola, Beatles (claro!) e até Roberto Carlos; Bossa Nova também tem tudo a ver, aquela batidinha mansa, de cantar baixinho é uma verdadeira canção de ninar. Lupicínio, Chico Buarque, Standards do Cole Porter, Gershwin, Frank Sinatra, Gal, Clara Nunes, Marisa Monte, sambinhas e até música de dor de cotovelo, como “Ouça” da Maysa.

Você tem as suas preferidas; da Arca de Noé do Vinícius de Morais, a música do São Francisco te acalma e você sempre sorri quando eu começo a cantar a da Porta. A do Relógio te faz dar risada, acredito que o tic tac soa engraçado pra você. E tem a música da Céu, “Menino Bonito Ai” que eu canto só o refrão e você fica todo cheio, até parece que entende!

De dia é só te colocar no carrinho em frente à janela da sala que você fica olhando as árvores balançando ou os passarinhos e dorme sozinho. Porém, à noite, desde que você aprendeu a ficar em pé no berço você nunca mais dormiu sozinho, eu sempre tenho que sentar com você na poltrona de balanço e cantar pelo menos umas 4 músicas. Eu cantando e você enfiando os dedinhos na minha boca para eu dar umas mordidinhas de leve, até você gargalhar. Então você tenta pegar minhas sobrancelhas, que você acabou de descobrir, até que eu te dou a naninha ou uma fraldinha que tenha etiqueta (você não chupa chupeta, chupa etiqueta!) e você se aconchega no meu colo, fica mexendo na etiqueta e começa a fechar os olhinhos, sempre brigando com o sono (às vezes seu avô me sacaneia e assobia do quarto ao lado, aí você desperta falando “wowô!!).

Tem vezes que você me engana direitinho, eu certa de que você já dormiu, te coloco cuidadosamente no berço e você vira de lado, aí vira de bruços, levanta na maior rapidez e fica pulando no berço – acho que se você já soubesse falar você estaria gritando “Te peguei, hahaha!”.

Você presta bastante atenção quando eu canto e me parece bem ligado em música. Nós fomos na Sala São Paulo, em uma sessão especial do Cinematerna para mães com bebês onde ficamos bem perto dos instrumentistas e você ficou vidrado no violoncelo. Quando eu te dei de aniversário a caixinha de música que toca Hey Jude você também adorou, mas eu não posso cantar Hey Jude pra você dormir, pelo menos não a parte do nanana porque você fica todo aceso - e Hey Jude sempre me emociona...

Hoje eu canto as canções que parecem que foram feitas pra fazer você dormir, mas que eu espero que influenciem o seu gosto musical no futuro, porque gosto musical ruim é imperdoável até pra filho, viu?

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Dia dos Pais

Dia dos Pais

O Dia dos Pais está chegando. Por enquanto você ainda não entende o que isso significa, filho, mas um dia eu sei que você vai questionar. Eu pretendo me preparar para este dia, consultando um profissional, terapeuta, psicólogo, analista, amigos, parentes, os deuses e principalmente minha consciência. Pretendo mais que tudo me colocar no seu lugar e pensar no que é melhor pra você.

Essa é uma situação em que a prioridade é você – na real, depois que você nasceu, você é prioridade em tudo e ponto; não posso levar em consideração nada do que eu senti com tudo o que ocorreu, o que significa que simplesmente não interessa o que passou. Só quero que você saiba que seu genitor sempre foi ciente da sua existência e que a qualquer momento que ele quiser participar dela ele será bem-vindo, como eu sempre deixei claro desde o início da gravidez. Nós nunca mais nos falamos, eu não fiz a menor questão de obrigá-lo a participar do seu nascimento nem de registrar você e espero que você um dia entenda que fiz isso com a melhor das intenções, sem rancor ou represália. Um nome em um campo de um documento não cria vínculo, não cria presença nem forma um pai. Essa atitude tem de vir espontaneamente, de coração, e não por imposição da justiça ou por uma questão de responsabilidade pelos próprios atos.

Como disse uma pessoa querida que viveu a mesma situação, a família se adapta para suprir a falta de um elemento; há uma presença maior dos tios, do avô, dos amigos, todos formando um elo de amor em torno de você. Por enquanto você está muito bem suprido de figura masculina, porque nós moramos com os meus pais e você tem sua cota diária de testosterona e “carinho paterno-vovozal” com o meu pai e eventualmente com seus tios, mas eu tenho me preparado para cumprir o meu papel de mãe e também o de pai. Estou disposta até a jogar futebol com você se for preciso, apesar de saber que ser pai não se limita a isso, mas vou dar o meu melhor.

Vou fazer o possível para que você encare tudo isso com naturalidade, o que acredito que vá ajudar a afastar o preconceito. Atualmente há núcleos familiares super diversos, com dois pais, duas mães, somente um pai, somente uma mãe, então não há que se insistir no velho modelo tradicional quando isso não é possível. Você é filho de uma mãe solo e nem por isso deixamos de ser uma família; não há nenhuma pecha de vergonha nisso, não é certo ou errado, é só diferente, simples assim.

Hoje seu genitor não tem vínculo com a nossa família. Pode ser que um dia vocês estabeleçam este vínculo, ou não. Não sei quais os motivos que o levaram a não fazer parte da sua existência, só sei que eu quis muito que você fizesse parte da minha e por isso você nasceu. E eu quis tanto, mas tanto que quis por mim e por ele, então no Dia dos Pais, eu me sinto no direito de comemorar tanto quanto no Dia das Mães.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Marcos do desenvolvimento

Marcos do desenvolvimento

Filho, eu deveria ter começado a escrever sobre você desde o seu nascimento, para não me esquecer dos marcos do seu desenvolvimento, assim, cada conquista sua seria um post de mãe babona. Como eu não fiz isso, vou ter que fazer um resumão e a partir de agora correr atrás do tempo perdido...

Pouco antes de completar 2 meses de idade, no feriado de 7 de setembro de 2011 você fez sua primeira viagem. Comportou-se muito bem no (longo) caminho de quase 5 horas até o sítio, mamou no Graal, troquei sua fralda no banco do carro mesmo e você dormiu praticamente a viagem inteira, sem nem um resmungo.

A partir daí você passou a dormir a noite toda, sem acordar pra mamar de madrugada, antes mesmo que eu começasse a aplicar as regras do livro “Nana Nenê”, principalmente aquela que dizia pra deixar o bebê chorar; acabei aplicando só as outras para regular mamadas e sonecas, o que deu super certo e funciona até hoje.

Foram mais de 2 semanas no sítio e você adorou; dormia na rede, tomava solzinho na piscina, ficava peladinho por causa do calor. Conheceu os tios, primos e tias-bisavós e deu seu primeiro sorriso de verdade (antes eram só espasmos, mas tão expressivos que eu acreditava que você ria só pra mim). Você engordou a olhos vistos nas duas semanas que passamos no sítio; eu dava mais leite do que as vacas de lá, tadinhas, que sofriam com o pasto seco comum naquela época do ano.

A sua segunda viagem também foi para o sítio, no feriado de 15 de novembro, pra comemorar o aniversário do Vovôveraldo. Desta vez também foram a tia Carol, os tios Fabrício e Roberta e os primos João Pedro e Gabriel. Foi a primeira vez que você entrou na piscina e adorou! Incrível como o reflexo de nadar é presente nos bebês, foi só entrar na piscina e você começou a bater as perninhas e os bracinhos. Também foi desta vez que você aprendeu a rolar pra alcançar os brinquedinhos e começou a dormir de lado.

Você batia altos papos comigo durante as trocas de fralda, principalmente à noite; me olhava bem nos olhos e balbuciava longos discursos na sua linguagem de bebê como se eu estivesse entendendo tudo.
Voltamos para o sítio em dezembro para a festa de bodas de ouro da tia Idelma e do tio Dino, foi o seu primeiro big evento. Durante a missa, você golfou dentro do decote do meu vestido e fez um daqueles seus cocôs que te sujavam até a nuca, e tivemos que ir para o carro te trocar e tomar um banho de lenços umedecidos. Na festa o som estava muito alto e tinha muita gente e você estranhou um pouco, mas só começou a chorar quando deu sua hora de dormir, aí eu te levei para o quarto da pousadinha em frente ao local da festa para ficar com a babá.

Em dezembro você já começou a ficar sentado sozinho, no começo você tombava de lado e de frente, mas aos poucos foi ficando mais firme e ficava um tempão brincando sentadinho. O ensaio para engatinhar foi no começo do ano, você se arrastava na cama dos seus avós, tanto pra frente quanto pra trás, mas quando eu te colocava no chão você se desequilibrava e acabava tombando e batendo a cabeça; aí eu comprei um tapete de EVA e foi só colocar você nele que você saiu engatinhando!

Um dia nós fomos à Avenida Paulista para ver um coral de Natal, você foi no canguru todo encapotado porque por incrível que pareça estava fazendo 13 graus em pleno dezembro, parecia que estávamos indo ver o Natal em NY e não em SP. Você dormiu o tempo todo, quentinho no canguru contra o meu peito. A noite de Natal foi na casa da vovó Lolita e do Vovôveraldo, o vovô se vestiu de Papai Noel e você adorou, ficou acordado até quase 1 da manhã aproveitando a festa com os tios, primos e avós.

Passamos o Ano Novo na casa da tia Susana, com ela, o tio Rogério e a Narizinho, uma sharpei invocada que te ignorou solenemente durante todo o tempo que ficamos lá; você ficava alucinado por ela, que parava de costas pra você bem perto do carrinho, só pra provocar.  

Em janeiro você começou a comer frutinhas bem amassadinhas, adorava pêra e banana, mas não curtia muito maçã e mamão – aos poucos passou a gostar de tudo, até de abacate puro. A papinha salgada foi introduzida em fevereiro, você comia de tudo, beterraba, quiabo, abóbora, inhame, cará, etc., acho que se eu oferecesse sabão você comeria, não estranhava nada! Hoje você anda meio seletivo, tem dias que se contenta só com 3 colheres de comida e me deixa aflita, mas acaba compensando em outra refeição. Isso não se aplica às frutas, você ama qualquer fruta, come tudo e chora inconsolável quando termina – às vezes eu caio na sua chantagem e te dou mais um pouco. Só não abro mão de abolir açúcar, doces e chocolates, porque eu quero evitar que você fique viciado em doces como eu – vamos ver até quando eu consigo te afastar do açúcar...

No Carnaval fomos para o Rio de Janeiro na casa da tia Fe; você ficou alucinado pelo Marujo e pela Domitila, os gatinhos dela. Dava gritinhos de alegria quando eles apareciam e se jogava tentando agarrar os pelos deles (às vezes você era mais rápido do que eu e ficava com as mãozinhas cheias de pelos brancos do coitado do Marujo). Nós fomos ao Jardim Botânico encontrar com a tia Fabi e tio Darius, e você fez sua estréia na boemia da Lapa, enquanto a gente almoçava em um boteco de lá.

Nessa mesma época nasceram dois dentinhos inferiores e você começou a me morder na hora de mamar, a gengiva coçava e incomodava e você descontava no meu peito. Agüentei por mais um mês e depois de uma mordida mais séria comecei a te dar o Aptamil com dor no coração (foi na semana em que você completou 8 meses). Queria ter amamentado por mais tempo, mas o peito ficava muito ferido e isso acabou afetando a produção de leite. Hoje você já está com 4 dentinhos embaixo e 3 dentinhos e meio em cima e quando um dentinho desponta, você baba litros e litros, são vários babadores por dia.

Você é tão encantado por animais que a primeira palavra que você falou foi auau, apesar do seu avô insistir que foi Vovô e que ele até tem gravado no celular, mas quando você não tinha nem 5 meses. Você falou auau quando estávamos chegando no sítio e você acordou com o cachorro latindo. Depois falou vovô e vovó e no Dia das Mães levantou no berço e falou mamã (eu tenho testemunhas!)

Você adora passear, quando alguém abre a porta da rua você fica todo ouriçado. Nós damos uns passeios na Avenida Paulista e no Parque Trianon e também vamos a quase todas as sessões do CineMaterna no Shopping Frei Caneca que é pertinho de casa. Você sempre se comporta direitinho no cinema, assiste um pouquinho do filme, brinca no chão e depois dorme no meu colo.

Cada conquista sua me enche de orgulho, eu sei que é a ordem natural das coisas, mas eu fico tão empolgada quanto a mãe de um atleta olímpico que acabou de ganhar uma medalha.